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terça-feira, 27 de abril de 2010

Crônica do Dia.

Hoje trouxemos a bem-humorada crônica do nosso aluno Antônio Moura, feita após a primeira aula. Divirta-se!


É Trote

Faz muitos anos que aguardo completar 60 anos, somente para entrar na Unati. Acho que desde que me aposentei  quero ser sexagenário. Isso faz mais ou menos uns... acho que não vale a pena fazer contas. O certo é que aguardei ansiosamente para começar a me reciclar. Os amigos diziam que era assim, que era assado, que as aulas eram boas, que as pessoas eram interessantes etc.etc.etc. Pois bem, eis-me aqui com meus 60 anos e já dentro da Unati. Escolhi as matérias que pretendo cursar e já me sinto preparado para ser novamente um e s t u d a n t e. Estamos em janeiro de 2010 e essa aula parece que não começa nunca. Esse não é o ano da virada? Fico me imaginando na universidade aos 60 anos... Bem, como seriam meus colegas?  Nessa idade se “mata” aula? Como serão as paqueras? Ainda se pisca o olho? E a cola? Será que hoje em dia é crime?  Um senhorzinho sexagenário tem cara de pau para colar? A expectativa é grande e ainda faltam muitos dias para o início das aulas. Olha o carnaval aí, gente! Viajei. Claro, não pulei o carnaval, mas vivi o clima de momo. Lá onde estava, em meio aos sambas, axés e outros ritmos, me pegava pensando no início das aulas. Que é isso, rapaz?  Vá curtir o carnaval - criticava. Bem, chegou o dia. É hoje que a aula vai começar. De cara constatei não haver diferença dos bancos da universidade do meu tempo. Chega uma senhorinha, mais uma e mais outra. Agora entra um senhorzinho. A turma vai chegando devagar e a sala de aula foi se completando. Chegaram também três jovens.

Ih! Meu Deus será trote? Como vai ser? Bom, cortar meu cabelo, me deixar careca, não vai fazer o menor efeito. Borrar de tinta as senhorinhas também não fica bem. Caramba! Será que eu trouxe uns trocados para o Chopp?  Prevenido, saquei meu celular com câmera para registrar. É, porque se a coisa for violenta eu mando direto para o 


Fantástico. E ai, meu filho, tá registrado e não vai haver desculpas.
Vamos lá, digam o que querem:
- eu sou Amanda,
- eu o Fernando
- e eu a Carol
“Nós vamos trabalhar juntos. Somo alunos de Letras...”
Caraca!! Pensei: esses são nossos professores... Os três juntos não somam a idade do mais novo aqui. No mínimo, o nosso trote será tomar uma injeção de juventude...

Antônio Moura.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Crônica do Dia.

Hoje trazemos a primeira crônica da turma de 2010.
O texto está lindo e sensível, preparem-se para emocionar-se com a crônica de Ana Lúcia Oliveira.




A Saudade do Amigo


Nos meus tempos de jovem não vivíamos pensando em tristezas, só tínhamos alegrias. Doze anos e já me preparava para o futuro. Íamos ao cinema, brincávamos o carnaval na rua, nos clubes, enfim, era uma constante atividade.

Mas o tempo passava e eu, como qualquer jovem da minha idade, já pensava em começar a namorar.

Uma manhã, eu saía para o colégio às seis horas, estudava no Pedro II (Maracangalha). Eu ia muito cedo, só que eu morava no Encantado, um bairro do subúrbio do Rio. Era segunda-feira. Encontrei dois rapazes no caminho, pareciam ter uns quinze anos. Um deles se engraçou logo comigo e começou a perguntar por que eu ia tão cedo, pois a entrada no colégio era às sete e meia. Eles também eram do Pedro II, só que do internato. Então eu lhes disse: “É porque vou de bonde e tenho que chegar cedo para jogar pingue pongue”. Mas sempre sem dar muita atenção, seguindo meu caminho que, por sinal, era o deles, só que a condução para eles era o trem.

Se eu me estender mais, não acaba minha crônica. Sempre segunda-feira eu os encontrava e a atenção de um deles era maior para comigo. Esse foi o início de uma amizade, companheirismo, enfim, tudo de bom. O outro era só risos e concordava com os pensamentos do parceiro.

Então passei a namorar o rapaz. Muito tímido para conversar comigo, nos finais de semana sempre mandava recado pelo amigo. É por ele que hoje estou repassando a nossa vida, já com saudades dos anos que tivemos de amizade.

O meu namoradinho se chamava Nei Jorge. Hoje estamos com 39 anos de casados, são 45 anos entre namoro e casamento.

O amigo o qual me inspirei para escrever chama-se Zanelli Antônio, padrinho do nosso casamento, amigo e irmão, nunca nos separamos até hoje. Ele é casado com Luiza, uma irmã que também achei.

Mas a vida não é eterna e ele está nos últimos dias, os amigos estão sempre juntos, meu marido o faz companhia no hospital e nós já contamos os dias para ele partir; Deus tem todo poder de nos criar, compartilhar e depois levar, quem sabe, para um lugar bem melhor do que hoje ele vive e sofre.

Mas eu penso que poucas pessoas conservam amizades tão tenras e sinceras como a nossa em família. Eu sinto como se meu irmão estivesse partindo, mas deixando um exemplo de vida de que às vezes um amigo é tão importante quanto um parente, pois amigo a gente escolhe. Até qualquer dia, amigo...


Ana Lúcia Oliveira da Silva
20/03/2010