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quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Crônica do Dia

Hoje trazemos uma crônica bem imaginativa! O autor é o aluno Oswaldo. Divirtam-se!
  
                                                                       Imaginação

Nossas palavras são a representação falada ou escrita de tudo aquilo que nos vem à mente e queremos torná-lo conhecido aos outros.
Em algumas circunstâncias são elas apenas a rememoração de fatos já vividos.
Em outras, expressam somente o imaginado. Nesse caso, e dependendo da capacidade inventiva do imaginador, ele pode prender sua platéia por horas a fio.
Essa experiência de espectador e expectador eu vivi no meu tempo de colégio.
Estudava na minha turma um paraense, de Conceição de Araguaia.
Era um típico caboclo "amazônida", mas dotado de uma fulgurante imaginação e uma palavra fácil.
Contava vários casos verdadeiros ou nem tanto verdade, mas ficávamos esperando que a hora de recreio não chegasse ao fim.
Era sempre um prazer ouvi-lo.
O tempo não passava para nós, ou, melhor dizendo, o nosso tempo estava sempre no fim porque só ouvíamos a campainha convocando-nos ao dever ou ao sono_ conforme o momento.
Lembro-me, também, de quando morava na Vila Rodrigues Alves, distante umas três horas de remo* da cidade de Cruzeiro do Sul, no Acre.
Lá vivia um senhor que gostava de contar histórias fantasiosas.
Uma delas era que um agricultor da localidade, plantador de mandioca (aqui no Rio, aipim), também criava galinhas.
Um dia ele sentiu falta de uma galinha.
Procura de cá, procura de lá, e descobriu, por fim, que a galinha estava no outro lado do rio.
Mas, como conseguira ela lá chegar, se o rio na época da seca tinha mais de cinqüenta metros de largura, e agora estavam em época de cheia?
Nenhum morador da vizinhança a levara. Entretanto ela lá estava, feliz da vida.
Todos, na vila, começaram a procurar uma explicação para tal proeza da galinha.
Já ao final da tarde alguém descobriu, na plantação de aipim do dono da galinha, um imenso pé de mandioca, com uma batata muito, muito grande.
O mais curioso era que a macaxeira estava oca e com marcas de bicadas de galinha.
Ao exame atento dos agricultores e ao espanto geral, chegou-se à conclusão de que a galinha fizera um túnel na mandioca e saíra do outro lado do rio.
Com isso estava aberto o caminho para a construção de todos os túneis do país.
três horas de remo: as pessoas embarcavam numa canoa, onde um ou mais remadores impulsionavam a embarcação com a força de seus braços, utilizando-se de remos.


Oswaldo Pereira

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Crônica do Dia

Hoje mentiremos pra vocês! Mas não qualquer mentira. Essa tem pontos, vírgulas e muita imaginação. Partida de um tema dado em aula (a própria Mentira) e tendo sido inspirada pela crônica "O Homem que falava Javanês" de Lima Barreto, ela foi imprimida em máquina de escrever pelas mãos do nosso aluno Homero, de maneira bastante divertida e criativa. Divirtam-se!


Verdades Tingidas de Mentira

Outro dia, vendo um desses programas matinais da TV, onde ensinam a pescar, sem que, nem sempre, lembrem de dizer o que seja pesca. Falaram de Deus, aborrecido com tudo isso de errado que estamos fazendo, resolveu inverter a ordem das coisas, para que com isso nos coloque em alerta. E quem sabe, resolvamos criar juízo e fazer do mundo aquilo que todos vêm prometendo desde que o mundo é mundo. Ouvi atentamente a explicação e logo que deu, saí por ali fazendo experiências, sem me importar muito com resultados. Afinal, a coisa estava ainda sem prazo para entrar em vigor e, assim que fosse possível, ir fazendo experiências, para quando a lei entrasse em vigor, a gente não fizesse feio.
Como eu gosto de coisas práticas e, hoje nada se consegue sem que o dinheiro corra na frente, fui ao banco e usei um talão de cheques que ainda me restava, antes dessa febre de cartões, de senhas e de créditos automáticos. Só queria ver se a inversão dos valores poderia também ser aplicada com valores, em reais.
Entrei, para o recinto de trabalho em que trabalham os caixas e eu mesmo peguei o dinheiro, coloquei o cheque para passar no computador e saí naturalmente, sem que ninguém me importunasse com perguntas. Fui para casa, muito feliz com a experiência e passei a comunicar com parentes e amigos sobre a novidade, que muitos deles ainda nem haviam ouvido falar. É claro que ninguém acreditou, que, logo em banco, onde a segurança é a alma do negócio e, em alguns deles, é até a arma do negócio, pudesse haver tamanha facilidade. Com aquele movimento que fiz, acabei por despertar toda essa gente que vive em busca de novidades e, com isso, até a estação de TV que tinha feito o programa ficou curiosa com a repercussão da notícia dada em seu programa e, principalmente, com a inovação que fiz, por cuja via iria reduzir muito o número de atendentes no banco, coisa que as empresas tanto buscam.
Pois bem, antes mesmo de terminar o expediente do banco, a notícia já havia passado de Brasília para o mundo inteiro e todos queriam saber quem teria sido a pessoa com tanta presença de espírito e, principalmente, muita coragem.
O curioso de tudo isso é que até os assaltantes de banco ficaram admirados com a informação e entraram em contato com o banco para confirmar se era verdade a notícia, querendo saber o meu nome e endereço, o mesmo acontecendo com jornais e revistas. Era tal e tamanha a corrente de pessoas interessadas, que levei um susto danado com um telefonema dizendo ser do gabinete especial de Deus, que me convocava com urgência para que eu explicasse aquela história envolvendo o seu Santo Nome. Foi um susto nada comum, Deus sair de seu estado de isolamento para falar com uma pessoa por quem todos passam sem lhe dar a menor bola. Já pensou, Deus?
Fiz a minha prece, vesti uma roupa adequada para ser recebido por Deus e fui para o endereço que me deram no telefonema. Cheguei, sem um minuto de atraso e Deus estava lá à minha espera, recebendo-me com as honras com as quais só Deus é capaz de receber.