Páginas

terça-feira, 3 de maio de 2011

Crônica do Dia

A aluna Honorina expressa toda a saudade que ficou depois das cinzas dos carnavais antigos.

Carnaval da Saudade


Festa momesca. Não sei quando começou, mas desde criança, ouço falar em Carnaval; me acostumei e sou apaixonada. Aqui começa sempre com o Zé Pereira, um comerciante que gostava de Carnaval e tocava bumbo.
Dizem que morreu de bebedeira. Ouvi muitas vezes cantada trocada a letra da música. Ela marcou muito, me lembro com saudade; basta tocar o Zé Pereira, eu me empolgo e passa um filme na minha cabeça. Começando pelo entrudo, uma brincadeira de sujar as pessoas de lama, farinha de trigo, ou maisena; eu me escondia de medo e também do mascarado.
É muito bom relembrar momentos, pois em cada música eu vejo uma história, às vezes até parece com a minha vida contida nas letras.
Eu passei minha infância, juventude, maturidade, e agora na terceira idade ouvindo-as. Tenho o mesmo entusiasmo de antigamente, só que agora ouço Cd. 
Basta tocar o Zé Pereira, sinto o calor do Saara, os foliões vestidos a caráter, eu adorava, brincávamos sem medo de bala perdida, era muito bom. A tourada em Madri que nos deu tantas alegrias, os hinos dos clubes criado por nosso legal Lalá, o pierrô apaixonado pela Colombina, o arlequim sempre alegre, a jardineira que é da minha idade: a Maria Sapatão com lata d'água na cabeça para lavar a cabeleira do Zezé, para não ficar careca, porque a fonte secou.
Tá-hi, o pó de mico, chamando o guarda de lanterna na mão procurando a máscara negra. O bigorrilho que queria a chave do vovô na porta da Colombo que estava sassaricando. Ah! Não podia faltar a chupeta pro bebê não chorar. Recordar é viver, aí vem a vassourinha varrendo a tristeza dos corações daqueles que sofreram por amor. Ei, chegou a Turma do funil e pensou que cachaça era água, ficou com bafo de onça e escorregou na casca da banana. Ah! Está chegando a madrugada na Cidade Maravilhosa, bandeira branca, e se a canoa não virar, amanhã eu chego lá porque é quarta feira de cinzas, como tudo vira cinzas, só ficou a Saudade.
Este Carnaval eu passei em Barra de São João.

Nenhum comentário: