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quarta-feira, 4 de maio de 2011

Crônica do Dia

O aluno Homero não cansa de nos surpreender. Essa é a história do amor de sua vida, que durou 61 anos. Lindo.

Amor de Carnaval

Sei lá, são tantas as formas para manifestarmos os nossos sentimentos que eu, por exemplo, não seria capaz de dizer, com segurança, aquilo que me iria ocorrer, com o passar de emoções, muito acentuadas, ao abrir-se como ocorre no Carnaval, com aqueles atingidos por tais emoções.
Eu, por exemplo, jamais tive necessidade de explodir em tal dimensão, fosse qual fosse o momento de que me estivesse libertando, como fazem durante os folguedos de Momo.
Até hoje, aos 89 anos de idade, deu para ir diluindo, no decorrer de cada emoção, a liberação da adrenalina ideal para cada um desses meus momentos vividos.
Se tivesse que destacar, nos carnavais passados, um fato que merecesse por todos os motivos ser destacado seria um encontro ocasional com aquela com quem passei a minha vida, sem que ela e eu fossemos carnavalescos. Foi puro acaso.
Como sempre, os meus passeios como jovem, em busca do destino, que dizem estar em cada esquina à nossa espera, prontinho para fazer a sua parte, naquele carnaval saímos, como saímos todos os dias de folga, para ver como a vida está andando. E naquele carnaval, lá pelos idos dos anos 50, eu e meus dois amigos, João e José Maria, saímos para o centro da cidade local, apropriada para se ver o carnaval. E lá estavam as três, como nós, sem fantasia, sem lança perfume, nem confete, apenas como observadoras. E, ninguém sabe explicar como saiu a conversa. Elas eram moças recatadas, e, alguém teve a iniciativa de atirar a primeira palavra. Acredito que não tenha sido eu, nem o João que também, como eu, não era atirado nesses momentos. Mas, algum anjo bom teve a iniciativa de iniciar aquele papo, que para mim, durou 61 anos.
Naquele tempo, eu morava no Jardim Botânico e, ela em Vila Isabel, trajeto feito de ônibus, já que de bonde, condução para a ocasião, levava séculos para chegar de um lugar ao outro.
Assim, aqueles cinemas de domingo e feriado, eu sempre chegando atrasado por ter o hábito de ir à praia antes dos afazeres da tarde e assim ela é quem pagava o pato com a espera.
Mas, a coisa foi andando, as minhas navegações no trabalho foram-se ajustando,quando vi, estava pronto para casar, após três anos de namoro e noivado. E, em 16 de junho de 1951, entramos na igreja Nossa Senhora de Lurdes, em Vila Isabel.
O estranho é que o padre que celebrou o casamento, logo deixou a batina. Não sei se também por algum motivo de carnaval, sei lá, carnaval dá tanto tema.
Tivemos dois filhos, de belíssima formação, graças a ela, ninguém teria sido tão competente.
Hoje, vejo o carnaval pela janela do meu apartamento, olhando, olhando...

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