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segunda-feira, 23 de maio de 2011

Crônica do Dia

Para iniciar a semana do horror/terror no blog do LerUERJ, trouxemos mais um conto do aluno Samuel. De maneira altamente metafórica, ele descreve, com muita criatividade, os pavores da humanidade.



Persona Trágica 


     Vou lhes contar uma história. Uma história do outro mundo, ou de um outro mundo – bem, como queiram.
Acabei de chegar de lá. E de lá parti na hora nona da noite. Vou lhes explicar. Lá, o tempo diário é dividido em dois compartimentos. Ao pôr do Sol, termina rigorosamente o dia e inicia-se a noite – então, é zero hora da noite. Uma hora após é a hora primeira da noite – e assim sucessivamente. Logo, hora nona corresponde a três horas da madrugada aqui. Ao findar a noite e começar o amanhecer, recomeçam a contagem do tempo, que se inicia com zero hora do dia. E recontam as horas; como hora primeira do dia, hora segunda do dia, etc..
      Vez ou outra eu faço uma visita inesperada àquele mundo tão estranho. Todos os habitantes são atores representando seus papeis, nos diversos palcos da existência, segundo as culturas de cada povo. E, acreditem, são muitíssimos os palcos. Eu nem pude contá-los com absoluta certeza. Eles sempre se apresentam com máscaras. E, nunca uma delas é igual à outra. Quando saem do palco e vão para o bastidor, retornam sempre com uma nova máscara. À primeira vista, pode se confundir algumas máscaras; mas, se aguçarmos a visão, perceberemos diferenças sutis.
       Notei que ficam de um pequeno lapso de tempo até um período bem grande nos palcos, de acordo com o papel de cada um. Ali eles nascem e crescem e morrem. Porem, quando partem para os bastidores, aí sim, eles demoram a voltar para continuar a representação...


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