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terça-feira, 20 de setembro de 2011

Crônica do dia

Hoje em mais um dia de postagem, temos a crônica do aluno Homero, falando de como gostaria de encontrar com seu outro eu e conhecê-lo . 

Tu me Decifras ou eu te devoro! 

Todos nós, lá em um cantinho qualquer da nossa mente ou cérebro, temos aquele outro eu escondido, nem sempre notados por nós e, assim travamos com ele, verdadeiro duelo de morte, sem que tenhamos razão para tal enfrentamento.
O curioso é que isso é velho, que vem sendo um desafio, para o mundo e, ele nem, desconfiava  estar diante de tal abismo, em vista de estar em confronto consigo mesmo.
No dia 7 de setembro, compareci ao Tijuca Tênis Clube para assistir a apresentação de corais de vários lugares, sendo que um dos maestros, presentes seria o regente de vários daqueles corais. 
Trata-se de uma pessoa muito atenciosa e muito competente, porém se bem observado, deixando escoar um certo ar de vaidade. O que é muito natural, para alguém com tanto talento. Mas, insuportável para alguém, também portador de talento, mas que, não se deixa enfeitiçar por aquela glória que jorra a olhos vistos, como é o caso do referido maestro.
 Pois bem, tudo ia muito bem, até que com o convite ao maestro para entrar em cena, uma voz de mulher disse: 
-Burro que só ele!
O que para mim foi até cruel, não caberia , num dia 7 de setembro, em um lugar tão importante para a cidade, como é o Tijuca Tênis Clube, ouvir-se falar de alguém presente e prestando serviços, aquele tipo de reverência.
O mesmo voltando a acontecer, no dia 11 de setembro, em plena Praça São Salvador, durante a apresentação dos músicos que seriam homenageados pelo grupo Roda de Chorinho, como se denomina aquele grupo de excelentes músicos, que ali comparecem, todos os domingos, para encher aquela gente de alegria e de emoções, como foi o caso repetido naquele domingo. Foi só entrar na Praça, ali próximo ao Corpo de Bombeiros que já deu para ouvir o som do trombone e do pistão, instrumentos que desde a minha infância fazem da minha vida, um encanto  sempre que vejo alguém tocar tais instrumentos da forma que um bom instrumentista toca. 
E, ao ouvir aquele som de extraordinária beleza, o que me veio amente, foi o trombone tocado pelo saudoso Raul de Barros, cujos discos gravados por ele, com marchinhas de carnaval, onde o seu trombone, com aquela verdadeira brincadeira de gato e rato, fugindo daqui para ali, faz com que um solo de um bom instrumento, nos leve vida a fora a degustar aquele som mavioso.
Segui caminhando até chegar ao coreto, onde os músicos se reúnem. E lá estavam os responsáveis por aquela beleza de melodia, onde Noel, Pixinguinha e todo aquele bando de anjos da arte vem nos mostrando que o mundo pode ser melhor, mas que nós, cabeças duras, não fazemos por onde para que essa maviosa orquestra entrasse em cena. Por estarmos o tempo todo discutindo conosco mesmos, sobre se devemos ou não abrir o nosso ouvido e coração para que por eles entrem as reais vias de acesso à vida. 
Olha gente, por mais clara que possa ser a minha narrativa, nem assim vocês irão fazer ideia do que foi aquele espetáculo de domingo 11 de setembro de 2011, na Praça São Salvador.
O curioso é que eu não lembrava mais da fisionomia do Zé da Velha. Aliás, devo confessar que sou péssimo para fazer o reconhecimento de uma pessoa com quem já tenha convivido, na infância ou na adolescência, e que voltei a ver lá, já de cabelos brancos ou com a falta deles, como é o meu caso. 
Quando eu descia a Rua Conde de Bonfim, em direção ao Tijuca, alguém gritou: 
-Homero, como vai você? Quanto tempo?!
Correspondi ao cumprimento, mas que diz que sei de quem se tratava?
é com esse meu eu, que mora dentro de mim, que gostaria de encontrar só para ver como sou nesse meu outro, de quem fala Jorge Luis Borges, ao encostar a turma da Oficina de Crônicas naquele paredão do tu me decifras, ou eu te devoro.

Homero                                                                                  

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