Páginas

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Crônica do Dia

A crônica a seguir foi escrita pelo aluno Samuel Kauffmann, que manifesta através dela toda a sua indignação com os governantes do nosso país. A aula que motivou a crônica abordou o tema das remoções na cidade do Rio de Janeiro, que beneficiarão a Copa e Olimpíadas, sendo ruins ao povo. Boa leitura. 

O progresso
e o sacrifício dos excluídos

Quando, em circunstâncias extraordinárias, tomamos conhecimento da opressão a que estão sujeitos milhões de compatriotas, por falta de respeito humano e das leis nacionais e internacionais, é que despertamos deste estado de torpor em que nos encontramos, como que insensibilizados pela mídia. E que nos deveria manter alertas e bem informados, com impecável profissionalismo do mais bem intencionado jornalismo, isento de qualquer falácia tendenciosa.
Então, um grito de revolta sufocado em seu nascedouro, agita o nosso emocional e o mental, consciente de nossa incapacidade momentânea de socorrer os necessitados de nosso apoio global, que estão a sofrer injustiças das mais deploráveis que um ser humano possa suportar, principalmente quando atinge o idoso, que é a destruição de seus humildes lares.
No passado, foram eles invasores de áreas urbanas ou lhes foi permitido, por políticos caçadores de votos, com promessas ilusórias, que ocupassem terrenos abandonados e/ou talvez a espera de especulação imobiliária?
Muitos possuem alguma forma de escritura registrada em cartório, até mesmo por usucapião. Mesmo assim, vê suas pequenas propriedades serem arrasadas pelas máquinas dos poderosos. E as coisas vão acontecendo abafadas, com o desconhecimento intencional das massas anestesiadas por outras atenções, sejam esportivas ou escandalosas, tal e qual no pior
período da última ditadura militar.
E a quem interessa este abuso do poder público? E exatamente na antevéspera da tão esperada e ambicionada Copa do Mundo e mais adiante as Olimpíadas em território nacional?
De repente os administradores públicos despertaram para o desenvolvimento do turismo, após décadas de esquecimento? Ou foram pressionados por corporações multinacionais em busca do lucro? Todos nós sabemos que atualmente qualquer atividade esportiva tornou-se fonte de lucros fáceis, isentos de pesadas tributações. Tais corporações não investem o seu ouro diretamente nas obras, que são executadas com o nosso erário público.
Desde a mais remota antiguidade sabemos que os ‘principais do mundo’ se reúnem em conluio contra o povo, sempre. Se nossas autoridades apoiam sem restrições as atrocidades cometidas, é porque há algum modo de participação e não por nenhum engrandecimento da pátria. Não nos enganemos, são simplesmente obras faraônicas que surgem a olhos vistos. Não proporcionam nenhum meio de defesa às vitimas. A própria defensoria publica está impedida de exercer o seu dever cívico.
Enquanto isso o saneamento, a saúde publica, a educação, a segurança, que são deveres constitucionais do estado, continuam relegados em segundo ou terceiro plano.
Onde estão as vozes das Câmaras Municipais, das Assembleias Legislativas, do Congresso Nacional, em defesa do povo que por tudo paga? Onde estão?!
A maioria de nossos políticos de origem humilde esqueceu-se de cumprir com suas promessas, de zelar por seus compatriotas, agora formando pares com os neoliberais – defensores do capitalismo selvagem, do lucro fácil e destruidor do meio-ambiente.
Despertemos irmãos compatriotas, reajamos com ímpeto varonil, cobremos dos representantes, eleitos com o nosso ingênuo voto, a mudança de comportamento
sociopolítico; seja por missivas ou falando abertamente em público. Comecemos por
incomodá-los.
Estamos todos nós envolvidos e arrolados pela globalização ‘tiranossáurica’; ainda muito longe da verdadeira globalização humanística. A classe dominante, em mutação constante, continua cega às consequências advindas de suas ações no tempo presente, não conseguindo vislumbrar o futuro sombrio que as aguarda e, principalmente, aos seus descendentes. Se possuíssem a mais ínfima partícula de energia amorosa em suas consciências, suas condutas seriam apoiadas em ações de cooperação e divisão dos excedentes com todos os humanos carentes, tanto fisicamente como espiritualmente. Contudo, no momento atual, estão imobilizados e impedidos de mudar suas atitudes, face aos grandes temores arraigados em seus corações simbólicos, em suas mentes ilusórias.
Que o silêncio dos justos seja substituído por suas vozes e envio de energias amorosas e curadoras da alma dos ‘donos do mundo’ – eles os realmente necessitados.
Agradecemos pela paciência de nos permitir manifestar a nossa mais extrema e abrangente indignação.

Nenhum comentário: