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quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Crônica do dia

Talvez um mundo utópico, uma ficção; mas um desejo e uma crítica aos nossos dias. Assim se mostra a crônica da aluna Maria Lucia Mizutani. Boa leitura!

De ponta cabeça

Saí de férias e, quando voltei a minha cidade, vi que as pessoas andavam de cabeça para baixo, usando as mãos na locomoção, não conseguiam sentar sem dar uma cambalhota. As mulheres e os homens com a cabeça raspada falavam as frases invertidas e, com muita dificuldade, consegui saber o que tinha acontecido: um forte furacão atravessou a cidade.
Tudo ficou complicado: cozinhar, arrumar as casas, ir para escolas e trabalho. Não havia veículos circulando, todos iam à mão.
Qualquer tarefa era feita em grupo, pois ninguém conseguia fazer nada sozinho. aos poucos reconstruíam as casas, agora todas muito mais baixas, diminuíram, cerraram os pés dos móveis, cadeiras e mesas.
A comunicação entre eles girava em torno de 30%, o essencial para tocar a vida. Não havia tempo para tristezas, brigas, era somente olhares profundos, intensos, rolando uma magia para alcançarem o objetivo da tarefa proposta.
No final do terceiro mês, notava-se um grande entrosamento, uma atmosfera de felicidade, e foi aí que apareceu a ajuda externa através dos políticos que logo designaram um novo prefeito, andante com os pés. Foi feito um plebiscito e rejeitaram o prefeito, afinal eles já estavam muito bem sem políticos.
Fundaram um novo jornal, que era distribuído grátis para todos. A posse dos acontecimentos sempre verdadeiros fez criar uma votação mensal para os objetivos (projetos) das pessoas da cidade, onde todas, sem excessão, que queriam votavam.
Sumiram completamente as classes sociais, as discriminações de qualquer tipo. Afinal todos estavam com as mesmas dificuldades, com os mesmos salários (todos participavam da decisão de aumento de salários, por exemplo, de políticos, do judiciário, legislativo etc.).
Comecei com "de ponta cabeça" e termino com "sonho do povo", ou melhor, que venha um "bom furacão".

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