Páginas

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Crônica do dia

A partir de uma outra leitura da crônica "A mulher do vizinho", de Fernando Sabino, temos esta crônica da aluna Celeste, em que nos relata sua impotência diante da "carteira funcional" de um policial. Boa leitura!


A carteira funcional

Quando li o texto "A mulher do vizinho", de Fernando Sabino, fiquei pensando em quantas situações nos vemos diante de carteiras funcionais supervalorizadas diante de nossa pobre carteira de identidade.
Há alguns anos atrás, passei por um momento inesquecível.
Fui ao banco, como de costume, para efetuar o pagamento de contas e sacar uma certa quantia para efetuar alguns pagamentos, e como era hábito naquela agência, fiz tudo numa caixa especial dentro da tesouraria.
Saí da agência, fiz algumas compras e depois fui para casa, que era próxima do banco. Num dado momento, senti um puxão no meu corpo, estava levando uma gravata, sendo xingada e senti o cano da arma na minha cabeça. O meu marido, que me acompanhava, entregou a minha bolsa para eles, eram dois rapazes, montaram na sua moto para fugir. Imediatamente, o meu marido ligou para a polícia e relatou o que tinha acontecido, passando placa, cor e descrição dos rapazes; resposta: procure a delegacia mais próxima, não podemos fazer nada. Fomos para a delegacia e, chegando lá, ficamos aguardando o atendimento por mais ou menos uma hora.
Veio o escrevente, com muito custo, e começaram as perguntas de praxe, até aí tudo bem. Então ele perguntou o número da minha conta e a minha senha, imediatamente respondi que ele não precisava da minha senha, e sim passar um rádio dando as características da moto e dos rapazes.
Ele me olhou e começou a rir, rir não, gargalhou, e me disse:
- Oh, minha senhora! A senhora anda vendo muito filme americano.
Neste momento, a paciência já tinha ido embora, falei que ele era incompetente, pronto, a carteira funcional da autoridade do escrevente apareceu, isto é desacato, a senhora será processada e presa. Meu marido pediu que ficasse calma.
Pensei o que estava fazendo ali, pior do que assalto foi encontrar este policial usando a sua função para me subjugar. Fui embora, nunca recuperei nada que estava na bolsa, pois para mim havia um tesouro dentro dela, fotos do meu pai e uma bela carta escrita por ele a mim uns dias antes de morrer. No dia do assalto, fazia três dias que ele havia falecido.

Nenhum comentário: