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segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Crônica do dia

Iniciamos a semana com uma crônica em que a nossa aluna Maria Luiza reflete sobre o que seja para ela a Oficina de Crônicas. Boa leitura!! 

NA OFICINA DE CRÔNICAS UNATI-UERJ

 Que leva alguém a ser escritor? Amador ou profissional, fecundo ou bissexto, prolixo ou seco, amador ou profissional, romancista, poeta ou ensaísta, quem é que abraça o ofício de escrever?
 Em princípio, ouvir-se e comunicar-se resumem, para mim, a questão. Intencionalmente ou não, a escrita é sempre auto-reveladora e comunicativa. Tudo o mais são ganhos extras: fama, fortuna, alvo de controvérsia ou referência dogmática - tudo, efeitos colaterais.
 Assim refletindo, ficou mais fácil discorrer sobre minha inserção na Oficina de Crônicas da UNATI.
 Precisava me comunicar. E a comunicação que move a nós idosos é o compartilhamento do que fizemos com o que a vida nos fez. Um verdadeiro exame de consciência - nossas opções e suas consequências e, sim, o mais importante: o que aprendemos com isso.
 Filhos e netos não querem nem saber e talvez estejam certos. O mundo mudou, a vida lhes trouxe desafios impensáveis, suas opções serão necessariamente outras e as consequências... ah! Para as consequências eles não estão nem aí. O mundo acaba hoje!
 Assim dizendo, segue-se o meu depoimento.
 Como explicar que aquela timidez, o ar cansado, os olhos sem brilho, a figura encurvada, enfim, todos os dotes daqueles que vivem na total "invisibilidade", deram lugar a joviais senhorinhas palradeiras de riso fácil e espontâneo, acompanhadas de guapos e gentis cavalheiros, sempre discretos mas igualmente comunicativos, enturmados?
 Que se passa naquela salinha acolhedora do LerUERJ que nos livrou do mero narcisismo e fez de nós um grupo saudável, não-terapêutico, pois quem está lá já ajudou a si mesmo?
 Seria a Iluminação por grandes Mestres da Sabedoria? Seriam os textos instrumentais dotados de extraordinária sugestibilidade?
 Sinto muito, nada tão misterioso mas, por outro lado, muito difícil de se encontrar. São pessoas que envelheceram sem envilecer, carentes, sim, mas generosas no compartilhamento do rico acervo de suas experiências e jovens... ah! Os queridos jovens-futuros-mestres que se comprazem em ouvir os mais velhos!
 Existe isso?!
 Sim!
 Firmo e dou Fé.

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