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segunda-feira, 18 de março de 2013

Crônica do dia

Mais um semestre se inicia e desejamos boas vindas aos novos alunos!
Hoje começamos as postagens das crônicas dos alunos.
Semana passada lemos dois sonetos de Vinicius de Moraes, inspirada em um deles, nossa aluna Yolanda faz uma bela confidência. Uma boa leitura!


Com mão contente a Amada abre a janela
sequiosa de vento no seu rosto
e o vento, folgazão, entra disposto
a comprazer-se com a vontade dela.

Mas ao tocá-la e constatar que bela
e que macia, e o corpo que bem-posto
o vento, de repente, toma gosto
e por ali põe-se a brincar com ela.

Eu a princípio não percebo nada...
Mas ao notar depois que a Amada tem
um ar confuso e uma expressão corada

A cada vez que o velho vento vem
eu o expulso dali, e levo a Amada:
- Também brinco de vento muito bem!
(Vinicius de Moraes)

Cá entre nós, poetinha...
Este seu soneto me reportou até janeiro de 1976.
Vento gostoso de final de dia, vento balançando as casuarinas... Brando, gostoso, com aquele barulho de vento... inesquecível.
Casa cheia de veranistas, convidados dos primos Antônio e Laís.
Camas lotadas, colchonetes espalhados pelo chão, para os solteiros.
Um fogo abrasador tomava os corpos de um casal com dois anos de convívio.
Tempos de grandes chamas e que vento nenhum era capaz de apagar. Como apagar a chama do amor?
Saímos na calada da noite e nos entregamos e concebemos uma doce menina.
Nove meses se passaram. Em outubro, a prima Laís queria, a todo custo, saber "como?", "onde?".
Eu nunca contei para ninguém, mas, você, poetinha, me fez voltar no tempo, me envolveu novamente no vento.
O seu vento se transformou naquele vento de casuarina de Arraial do Cabo!
É o nosso grande segredo, meu poeta.

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