Hoje temos uma crônica surpreendente da aluna Dilza. Boa leitura!
Estava escrito
Ela casou pouco mais que uma criança, apenas 16 anos. Não tivera mãe que a criasse e estava apaixonada pelo namorado, um rapaz muito jovem também. Cheios de sonhos e vontade de serem felizes, foram tentar a vida numa cidadezinha no interior do estado.
Lá fizeram amizade com uma família que os acolheu como se fossem seus irmãos mais novos.
As duas mulheres engravidaram. Quanta alegria!
A jovem inexperiente estava muito insegura com a gravidez, porém sua amiga, já mãe de quatro filhos, procurava tranquilizá-la, dizendo que tudo iria correr bem e que a maternidade não era nenhum bicho de sete cabeças. E assim a amizade entre as duas ia se solidificando dia a dia, até que Maria (este era o nome da mais velha), sentindo que a hora de seu parto se aproximava, mandou dizer a Dilma (a mais nova) que fosse à cidade comprar algo que precisava. Na verdade, ela só queria que Dilma não presenciasse o momento do parto e assim não se assustasse.
De fato, quando ela retornou, um meninão já havia nascido. O quinto filho de Maria, mais um menino! Daí a três semanas, foi a vez de Dilma. Tudo correu bem e ela teve uma menina, também forte e saudável. Quantas dúvidas! A quem recorreria? À Maria, sua grande amiga, por isso, na hora de escolher padrinhos para sua filha , não teve dúvidas: Maria e seu esposo, que aceitaram alegremente.
O tempo passou, a amizade solidificou-se mais e mais. Mas um belo dia, o marido de Dilma viu que não dava mais para permanecer naquela cidade. Lá não teriam condições de melhorar de vida, e resolveu então tentar a sorte no Rio de Janeiro. Saíram da cidadezinha, deixando os compadres e as raízes.
Após dezesseis anos e muitos obstáculos vencidos, muitas dores e também muitas vitórias, Dilma e sua filha resolveram visitar os amigos, tirar férias e matar as saudades de todos.
Maria tivera mais dois filhos e Dilma ficara só naquela. O reencontro foi muito alegre e as lembranças, resgatadas em longas conversas durante as tardes. O que não se previra é que os dois jovens nascidos tão próximos e depois afastados iam tornar-se um pouco mais que amigos: namorados!
As férias terminaram, e elas retornaram ao Rio. O namoro continuou por correspondência durante algum tempo, mas não resistiu a distância e eles romperam.
Um ano depois, o jovem vem para o Rio. Precisava servir à Pátria e, então, novo reencontro.
Os dois reatam o namoro, desta vez em definitivo. O casamento já dura quarenta e seis anos!
E eu pergunto: estava ou não estava escrito?
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