segunda-feira, 25 de junho de 2012
Cineclube LerUERJ: A Pele Que Habito
quarta-feira, 6 de junho de 2012
Crônica do dia
Hoje contemplaremos a fábula da aluna Stella Maria Oliveira Muehlbauer. Apreciem a leitura!
O SAPO
Beatriz era uma mocinha sempre insatisfeita com a vida que
tinha. Estava sempre com um olhar triste e, certa vez, caminhando ao redor de
um lago que existia perto de sua casa, viu um sapo feio coaxando, parecendo
muito velho e lembrou-se de uma certa fábula.
Chegou perto dele e falou:
_ Amigo sapo, que aconteceria se lhe desse um beijo?
Espantada, escutou o animal falando:
_Amiga, faça-o! Beije-me pois transformar-me-ei no mais belo
príncipe que você já viu.
Ela então, animada, beijou-o. E... realmente, ele era um
lindo homem, olhos azuis, cabelos negros, alto, bem vestido, e, logo a seguir,
pediu-lhe a mão em casamento.
Beatriz e a família ficaram felicíssimos! E, casada, Beatriz
mudou. Estava sempre rindo e seus olhos brilhavam de felicidade.
Quando a rotina começou, porém, o príncipe Alexandre (assim
era o seu nome humano) também foi se transformando. Aliás, não era uma mudança;
ele, aos poucos, passou a mostrar o íntimo de seus sentimentos, do seu caráter;
orgulhoso, fútil, dava valor só às coisas materiais, era grosseiro com todos.
Tinha sempre uma resposta rude para as inocências e ignorâncias da esposa
imatura.
Cetra vez chegou a ameaçá-la com um chicote só porque a sopa
que ela fizera ficara um pouco salgada.
Beatriz, sofrendo muito, pediu-lhe o divórcio, pois chegou à
conclusão que “as aparências enganam” e que, na vida, muitas vezes temos que “engolir
muitos sapos” para continuar vivendo!
segunda-feira, 4 de junho de 2012
Crônica do dia
Iniciamos a semana com crônicas que evidenciam a intenção de quem escreve notícias. Com isso, temos a crônica da aluna Stella, em que nos mostra a tendência preconceituosa de uma notícia. Boa leitura!
Notícia
"Era um dia nublado e Maria de Souza, empregada doméstica, negra, quarenta e oito anos, seguia para seu trabalho quando foi abordada por dois homens brancos que se aproximaram dela e tentaram entabular uma conversa. Maria não lhes respondeu, acelerou o passo, mas os rapazes disseram:
- Não adianta acelerar, vai passando a bolsa com o dinheiro, o celular e esse anel aí, nós sabemos que é de ouro!
Maria, revoltada, deu-lhes duas fortes pancadas com o guarda-chuva que carregava e colocou os dois a nocaute esparramados no chão, desmaiados.
Olhando a fisionomia deles, ela os reconheceu: eram dois vizinhos brancos que, dias mais tarde, disseram-lhe que só estavam brincando...
Para azar deles, passou um carro de policiais que levaram os dois para o hospital e Maria para a delegacia, onde a autuaram por 'tentativa de homicídio', ainda mais que os dois ficaram bem mal, por uma semana.
Um dos policiais xingou-a de 'negra assassina', demonstrando com isso sua intolerância e preconceito."
Análise: será que, se Maria fosse branca e os rapazes, negros, teria sido detida? Não. Provavelmente, seria advertida a não agredir e talvez ainda fosse chamada para ser testemunha de acusação. O repórter que escreveu a notícia mostra sua tendência ao preconceito, quando faz questão de citar a cor dos personagens da notícia, o que, na minha opinião, não tem nada a ver com o caso narrado e, se ele está descrevendo a agressão, a cor da agressora e dos agredidos seria totalmente dispensável e o mais importante seria o motivo da agressora.
sexta-feira, 1 de junho de 2012
Crônica do dia
Para finalizar a semana, temos um outro texto de Luis Fernando Verissimo.
Texto extraído do livro "As mentiras que os homens contam", Editora Objetiva - Rio de Janeiro, 2000, pág. 37.
A aliança
Esta é uma história exemplar, só não está muito claro qual é o exemplo. De qualquer jeito, mantenha-a longe das crianças. Também não tem nada a ver com a crise brasileira, o apartheid, a situação na América Central ou no Oriente Médio ou a grande aventura do homem sobre a Terra. Situa-se no terreno mais baixo das pequenas aflições da classe média. Enfim. Aconteceu com um amigo meu. Fictício, claro.
Ele estava voltando para casa como fazia, com fidelidade rotineira, todos os dias à mesma hora. Um homem dos seus 40 anos, naquela idade em que já sabe que nunca será o dono de um cassino em Samarkand, com diamantes nos dentes, mas ainda pode esperar algumas surpresas da vida, como ganhar na loto ou furar-lhe um pneu. Furou-lhe um pneu. Com dificuldade ele encostou o carro no meio-fio e preparou-se para a batalha contra o macaco, não um dos grandes macacos que o desafiavam no jângal dos seus sonhos de infância, mas o macaco do seu carro tamanho médio, que provavelmente não funcionaria, resignação e reticências... Conseguiu fazer o macaco funcionar, ergueu o carro, trocou o pneu e já estava fechando o porta-malas quando a sua aliança escorregou pelo dedo sujo de óleo e caiu no chão. Ele deu um passo para pegar a aliança do asfalto, mas sem querer a chutou. A aliança bateu na roda de um carro que passava e voou para um bueiro. Onde desapareceu diante dos seus olhos, nos quais ele custou a acreditar. Limpou as mãos o melhor que pôde, entrou no carro e seguiu para casa. Começou a pensar no que diria para a mulher. Imaginou a cena. Ele entrando em casa e respondendo às perguntas da mulher antes de ela fazê-las.
— Você não sabe o que me aconteceu!
— O quê?
— Uma coisa incrível.
— O quê?
— Contando ninguém acredita.
— Conta!
— Você não nota nada de diferente em mim? Não está faltando nada?
— Não.
— Olhe.
E ele mostraria o dedo da aliança, sem a aliança.
— O que aconteceu?
E ele contaria. Tudo, exatamente como acontecera. O macaco. O óleo. A aliança no asfalto. O chute involuntário. E a aliança voando para o bueiro e desaparecendo.
— Que coisa - diria a mulher, calmamente.
— Não é difícil de acreditar?
— Não. É perfeitamente possível.
— Pois é. Eu...
— SEU CRETINO!
— Meu bem...
— Está me achando com cara de boba? De palhaça? Eu sei o que aconteceu com essa aliança. Você tirou do dedo para namorar. É ou não é? Para fazer um programa. Chega em casa a esta hora e ainda tem a cara-de-pau de inventar uma história em que só um imbecil acreditaria.
— Mas, meu bem...
— Eu sei onde está essa aliança. Perdida no tapete felpudo de algum motel. Dentro do ralo de alguma banheira redonda. Seu sem-vergonha!
E ela sairia de casa, com as crianças, sem querer ouvir explicações. Ele chegou em casa sem dizer nada. Por que o atraso? Muito trânsito. Por que essa cara? Nada, nada. E, finalmente:
— Que fim levou a sua aliança? E ele disse:
— Tirei para namorar. Para fazer um programa. E perdi no motel. Pronto. Não tenho desculpas. Se você quiser encerrar nosso casamento agora, eu compreenderei.
Ela fez cara de choro. Depois correu para o quarto e bateu com a porta. Dez minutos depois reapareceu. Disse que aquilo significava uma crise no casamento deles, mas que eles, com bom-senso, a venceriam.
— O mais importante é que você não mentiu pra mim.
E foi tratar do jantar.
Ele estava voltando para casa como fazia, com fidelidade rotineira, todos os dias à mesma hora. Um homem dos seus 40 anos, naquela idade em que já sabe que nunca será o dono de um cassino em Samarkand, com diamantes nos dentes, mas ainda pode esperar algumas surpresas da vida, como ganhar na loto ou furar-lhe um pneu. Furou-lhe um pneu. Com dificuldade ele encostou o carro no meio-fio e preparou-se para a batalha contra o macaco, não um dos grandes macacos que o desafiavam no jângal dos seus sonhos de infância, mas o macaco do seu carro tamanho médio, que provavelmente não funcionaria, resignação e reticências... Conseguiu fazer o macaco funcionar, ergueu o carro, trocou o pneu e já estava fechando o porta-malas quando a sua aliança escorregou pelo dedo sujo de óleo e caiu no chão. Ele deu um passo para pegar a aliança do asfalto, mas sem querer a chutou. A aliança bateu na roda de um carro que passava e voou para um bueiro. Onde desapareceu diante dos seus olhos, nos quais ele custou a acreditar. Limpou as mãos o melhor que pôde, entrou no carro e seguiu para casa. Começou a pensar no que diria para a mulher. Imaginou a cena. Ele entrando em casa e respondendo às perguntas da mulher antes de ela fazê-las.
— Você não sabe o que me aconteceu!
— O quê?
— Uma coisa incrível.
— O quê?
— Contando ninguém acredita.
— Conta!
— Você não nota nada de diferente em mim? Não está faltando nada?
— Não.
— Olhe.
E ele mostraria o dedo da aliança, sem a aliança.
— O que aconteceu?
E ele contaria. Tudo, exatamente como acontecera. O macaco. O óleo. A aliança no asfalto. O chute involuntário. E a aliança voando para o bueiro e desaparecendo.
— Que coisa - diria a mulher, calmamente.
— Não é difícil de acreditar?
— Não. É perfeitamente possível.
— Pois é. Eu...
— SEU CRETINO!
— Meu bem...
— Está me achando com cara de boba? De palhaça? Eu sei o que aconteceu com essa aliança. Você tirou do dedo para namorar. É ou não é? Para fazer um programa. Chega em casa a esta hora e ainda tem a cara-de-pau de inventar uma história em que só um imbecil acreditaria.
— Mas, meu bem...
— Eu sei onde está essa aliança. Perdida no tapete felpudo de algum motel. Dentro do ralo de alguma banheira redonda. Seu sem-vergonha!
E ela sairia de casa, com as crianças, sem querer ouvir explicações. Ele chegou em casa sem dizer nada. Por que o atraso? Muito trânsito. Por que essa cara? Nada, nada. E, finalmente:
— Que fim levou a sua aliança? E ele disse:
— Tirei para namorar. Para fazer um programa. E perdi no motel. Pronto. Não tenho desculpas. Se você quiser encerrar nosso casamento agora, eu compreenderei.
Ela fez cara de choro. Depois correu para o quarto e bateu com a porta. Dez minutos depois reapareceu. Disse que aquilo significava uma crise no casamento deles, mas que eles, com bom-senso, a venceriam.
— O mais importante é que você não mentiu pra mim.
E foi tratar do jantar.
Texto extraído do livro "As mentiras que os homens contam", Editora Objetiva - Rio de Janeiro, 2000, pág. 37.
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