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quinta-feira, 31 de maio de 2012

Crônica do dia


Hoje, dialogando com o texto "A verdade" de Luis Fernando Verissimo, a aluna Honorina escreveu esta interessante fábula. Boa leitura!

O lápis e o papel

Um dia o papel disse para o lápis:
-Lápis você não está com nada, eu sou mais importante que  você, querendo esnobar.
O lápis respondeu,
-Ah! Eu sou tão importante quanto você, estamos sempre em  qualquer lugar do mundo .
Somos feitos  de madeira, só que a minha importância é maior, pois sem meu grafite não há escrita.O grafite é minha alma, pensa em tudo para ser escrito.
-Eu sou colorido, bonito, quanto a você,está sempre sendo cortado pelo apontador até chegar onde não se consegue segurar;ainda emendam com um pedacinho de madeira,para tentar escrever.
-Aí é que você se engana, vou mostrar o meu valor, além dos que já te falei. Você sabia que na escola, quando eu meço mais ou menos 6 centímetros  vou para a cesta do lixo, pois bem, eu e meus irmãos somos recolhidos por uma criatura, às vezes estamos  sujos. Por estarmos misturados com outros objetos, somos lavados e guardados com muito carinho, pois nem sempre essa pessoa tem lápis para escrever, então recorre a sua caixinha  de cotocos, onde somos guardados. Eu na minha simplicidade, guiado pela mão de quem  me usa, escrevo coisas bonitas do amor, poesia, filosofia, sátiras e humor... Espero ser sempre útil a outrem, no sentido de engrandecer a humanidade.
O papel refletiu:
-É verdade, unidos faremos muito, cada um na sua parte .
- Eu também tenho o meu valor, as pessoas pobres usam-me como caderno pela metade vou para colégios que vivem de doações.
-Aí damos as mãos e fazemos muita gente feliz aprender a ler e escrever. Pode até ser um escritor,um poeta, um cientista, etc.  Já pensou? Talvez sejamos do mesmo lugar e pertençamos à mesma pessoa, quem sabe?... - disse  o lápis.
-Ah, com  certeza ,disse o papel...
-Sabe, eu também sou de doação, disse o lápis, às vezes não dão valor a pequenos objetos, nem olham pra gente, nos veem como lixo mesmo, até botam fogo...
O papel e o lápis deram uma lição de vida , mostrando seus valores.

Moral da história :
A união faz a força.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Crônica do dia

Hoje temos um conto surpreendente da aluna Ney. Divirtam-se!

A surpresa do descansado

Embora saibamos que podemos humanamente ser capazes de resolver nossos próprios problemas, sempre arrumamos desculpas para crises existenciais.
Aconteceu com Marcelo, não conseguia prosseguir estudando, não conseguia um bom emprego que pudesse abrandar seu infortúnio. Sempre na aba de seus pais.
Conheceu Zilda, moça trabalhadeira, cheia de sonhos, mas que foi logo se apaixonar pelo descansado. Claro que a família não fazia gosto naquela união. Seu irmão Zeca tinha raiva do sujeito, sabia que o cara era um garganta, sempre arrumando desculpas dos seus desempregos. Falava para os amigos que o patrão implicava com ele sem motivos, dizia até que parecia coisa feita, que um dia ia descobrir que mandinga era quela que não deixava ir para frente. Já andei até pesquisando no jornal por uma boa cartomante, o dia que arranjar algum emprestado, vou lá, ah se vou!
Assim, passaram muitos anos, e a vida da vítima não mudava, sempre com as mesmas desculpas. Ao contrário, sua mulher batalhando muito para sustentar casa e filhos, não esmorecia, moça bonita e formosa, já estava ficando envelhecida de tanta luta, sempre procurava mais para fazer, encontrando todo tipo de trabalho para favorecer seu lar.
Zilda, de tanto ouvir o cara falar de cartomante, ficou querendo saber se elas poderiam dizer aquilo que fazia pessoas acreditarem nas coisas para melhorar suas vidas. Havia clientes que só faziam tudo com conselho de sua cartomante. Foi então que começou a ler livros de quiromancia e tentar se tornar uma boa cartomante. Visitou uma, e outra, e percebeu que era fácil ludibriar pessoas ansiosas, e se assim fizesse também, ali iria ganhar um bom dinheirinho para aumentar o sustento de sua casa, claro, não deixando seu trabalho de carteira assinada, para não dar na pinta.
Assim se passaram mais alguns meses, Zilda, hoje Madame Zuleica, faz sucesso com suas adivinhações, passado, futuro, dizia seu pequeno anúncio, num jornal.
Chegava sempre em casa cansada do trabalho, e nos dias em que também dava as consultas era um caos. Pois tinha que usar de toda sua malícia para poder convencer seus clientes, que agora iam aumentando. Ela ficava admirada com tanta popularidade que adquirira. Foi passando o tempo, já produzira uma vestimenta apropriada para seu desempenho cigano.
Um belo dia, ia já fechar os trabalhos, quando bateram em sua tenda, ao abrir, deparou com o seu marido. Ela não se abalou nem um pouco, pois sabia das intenções do descansado. Ele por sua vez ficou apavorado com a surpresa, sua mulher tão dedicada, provedora da família, ali na sua frente vestida daquele jeito, até muito formosa, como há muito não lhe apreciava.
Para ela não houve nenhum espanto, falou com voz firma: Senhor, quer saber o quê?

terça-feira, 22 de maio de 2012

Crônica do dia

Hoje temos uma reescrita surpreendente da aluna Dilza. Boa leitura!

Falta de sorte

Ele era uma pessoa correta, muito ética, mas sentia-se um fracassado.
Nada que fazia dava certo:
A faculdade teve que interromper faltando apenas dois períodos para o término. Engravidara a namorada e teve de assumi-la junto com o filho, que não poderia deixar sem nome e sem lar. Casou-se, sem pompas, sem festa e o mais rápido que pôde. Mas, com um caminhão de dívidas, pois apesar de optar morar com a mãe a fim de economizar despesas, teve que mobiliar seu antigo quarto, para acomodar sua esposa e o filho que chegaria em breve: comprou cama e colchão de casal, berço para o neném e um enxoval simples, mas necessário.
Atolado em dívidas e sem emprego. Fora demitido do estágio que fazia, pois parara a faculdade.
O filho chegou. O emprego não. Continuava procurando e procurando. Sobreviviam com a pensão da mãe viúva, mas isto lhe incomodava bastante. O que fazer?
Um amigo lhe disse que a causa de seus problemas só poderia ser algum trabalho, alguma mandinga bem feita que o trazia bem amarrado, que não deixava sua vida ir para frente. Pensou, pensou... e acabou achando que seu amigo bem poderia estar certo.
Só uma dúvida: se não desejava o mal de ninguém, quem poderia ter lhe entravado a vida dessa maneira, tão fortemente que nada dava certo para ele? Ah! só se fosse a sua ex-namorada. Aquela com quem terminara para ficar com sua atual esposa. Mulher rejeitada é pior que um animal feroz: faz de tudo para destruir o outro e, nesse caso, o outro era ele. Sim, só poderia ter sido ela. Dúvida sanada, procurou o amigo. Queria um aconselhamento. Será que ele sabia como desfazer o tal trabalho?
É claro, disse o amigo, vamos ao terreiro que frequento. Lá são especialistas em fazer e desfazer mandingas. É tiro e queda, não tem erro!
Combinaram e no dia marcado lá se foram os dois. O amigo tranquilo, ele ansioso. Finalmente seus problemas acabariam...
Chegou a sua vez de ser atendido. Mandaram que ele fizesse um despacho à meia noite numa encruzilhada: rosas vermelhas, uma garrafa de espumante e alguns charutos. Só isso? Vai ser mais fácil do que eu pensava. Comprou tudo e lá se foi arriar o despacho. Missão cumprida, voltava para casa aliviado. Finalmente seus caminhos estavam liberados e a sorte lhe sorriria. Parecia que havia se desfeito de um peso enorme. Estava leve, feliz e distraído. Tão distraído que não percebeu na calçada mal iluminada um buraco relativamente grande. Foi a conta: caiu nele e, por sorte, apenas quebrou uma perna.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Crônica do dia


Nesta semana teremos crônicas que fazem uma releitura de outros textos, baseado no conto "A cartomante", de Lima Barreto. Começamos com a crônica da aluna Stella. Boa leitura!

Romeu e Julieta

Os personagens desta história moravam em Santos, cada um num bairro dessa belíssima cidade.
Julieta morava na orla, com seus pais e possuía uma Ferrari, pois pertencia a uma família rica, cujo pai desejava para ela um casamento equilibrado em todos os sentidos, inclusive que seu príncipe encantado possuísse o mesmo status econômico.
Romeu possuía uma moto, pois fazia entregas para um supermercado. Era um “motoboy”.
O destino fez com que se encontrassem em Vila Belmiro, pois, por coincidência, ambos gostavam de futebol.
Conversa vai, conversa vem, marcaram encontro para um próximo jogo e daí, para se aproximarem, foi um passo.
O pai de Julieta “subiu pelas paredes” quando soube e, como bom machista e autoritário que era, proibiu que se encontrassem mais.
Foi o que faltava para o fruto proibido torna-se mais doce e os dois apaixonadíssimos continuaram a encontrar-se escondido.
Um ano depois, Julieta soube que estava com uma grave doença. Foi internada e a solução seria uma transfusão de sangue. O seu sangue era raro; finalmente encontraram um doador. Qual não foi a surpresa quando, depois de Julieta curada, descobrirem que a doadora havia sido a irmã de Romeu.
Ao contrário da história tradicional, as famílias se uniram, Romeu e Julieta casaram-se, tiveram dois filhos e foram felicíssimos para sempre!

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Crônica do dia


Terminamos nossa semana com um conto de Fernando Sabino. Boa leitura!

Albertine Disparue

Chamava-se Albertina, mas era a própria Nega Fulô: pretinha, retorcida, encabulada. No primeiro dia me perguntou o que eu queria para o jantar:
— Qualquer coisa — respondi.
Lançou-me um olhar patético e desencorajado. Resolvi dar-lhe algumas instruções: mostrei-lhe as coisas na cozinha, dei-lhe dinheiro para as compras, pedi que tomasse nota de tudo que gastasse.
— Você sabe escrever?
— Sei sim senhor — balbuciou ela.
— Veja se tem um lápis aí na gaveta.
— Não tem não senhor.
— Como não tem? Pus um lápis aí agora mesmo!
Ela abaixou a cabeça, levou um dedo à boca, ficou pensando.
— O que é lapisai? — perguntou finalmente.
Resolvi que já era tarde para esperar que ela fizesse o jantar. Comeria fora naquela noite.
— Amanhã você começa — conclui. — Hoje não precisa fazer nada.
Então ela se trancou no quarto e só apareceu no dia seguinte. No dia seguinte não havia água nem para lavar o rosto.
— O homem lá da porta veio aqui avisar que ia faltar — disse ela, olhando-me interrogativamente.
— Por que você não encheu a banheira, as panelas, tudo isso aí?
— Era para encher?
— Era.
— Uê...
Não houve café, nem almoço e nem jantar. Saí para comer qualquer coisa, depois de lavar-me com água mineral. Antes chamei Albertina, ela veio lá de sua toca espreguiçando:
— Eu tava dormindo... — e deu uma risadinha.
— Escute uma coisa, preste bem atenção — preveni: — Eles abrem a água às sete da manhã, às sete e meia tornam a fechar. Você fica atenta e aproveita para encher a banheira, enche tudo, para não acontecer o que aconteceu hoje.
Ela me olhou espantada:
— O que aconteceu hoje?
Era mesmo de encher. Quando cheguei já passava de meia-noite, ouvi barulho na área.
— É você, Albertina?
— É sim senhor...
— Por que você não vai dormir?
— Vou encher a banheira...
— A esta hora?!
— Quantas horas?
— Uma da manhã.
— Só? — espantou-se ela. – Está custando a passar...

*
— O senhor quer que eu arrume seu quarto?
— Quero.
— Tá.
Quarto arrumado, Albertina se detém no meio da sala, vira o rosto para o outro lado, toda encabulada, quando fala comigo:
— Posso varrer a sala?
— Pode.
— Tá.
Antes que ela vá buscar a vassoura, chamo-a:
— Albertina!
Ela espera, assim de costas, o dedo correndo devagar no friso da porta.
— Não seria melhor você primeiro fazer café?
— Tá.
Depois era o telefone:
— Telefonou um moço aí dizendo que é para o senhor ir num lugar aí buscar não sei o quê.
— Como é o nome?
— Um nome esquisito...
— Quando telefonarem você pede o nome.
— Tá.
— Albertina!
— Senhor?
— Hoje vai haver almoço?
— Se for possível.
— Tá.
Fazia o almoço. No primeiro dia lhe sugeri que fizesse pastéis, só para experimentar. Durante três dias só comi pastéis.
— Se o senhor quiser que eu pare eu paro.
— Faz outra coisa.
— Tá.
Fez empadas. Depois fez um bolo. Depois fez um pudim. Depois fez um despacho na cozinha.
— Que bobagem é essa aí, Albertina?
— Não é nada não senhor — disse ela.
— Tá — disse eu.
E ela levou para seu quarto umas coisas, papel queimado, uma vela, sei lá o quê. O telefone tocava.
— Atende aí, Albertina.
— É para o senhor.
— Pergunte o nome.
— Ó.
— O quê?
— Disse que chama Ó.
Era o Otto. Aproveitei-me e lhe perguntei se não queria me convidar para jantar em sua casa.

*
Finalmente o dia da bebedeira. Me apareceu bêbada feito um gambá; agarrando-me pelo braço:
— Doutor, doutor... A moça aí da vizinha disse que eu tou beba, mas é mentira, eu não bebi nada... O senhor não acredita nela não, tá cum ciúme de nóis!
Olhei para ela, estupefato. Mal se sustinha sobre as pernas e começou a chorar.
— Vá para o seu quarto — ordenei, esticando o braço dramaticamente. — Amanhã nós conversamos.
Ela nem fez caso. Senti-me ridículo como um general de pijama, com aquela pretinha dependurada no meu braço, a chorar.
— Me larga! — gritei, empurrando-a. Tive logo em seguida de ampará-la para que não caísse: — Amanhã você arruma suas coisas e vai embora.
— Deixa eu ficar... Não bebi nada, juro!
Na cozinha havia duas garrafas de cachaça vazias, três de cerveja. Eu lhe havia ordenado que nunca deixasse faltar três garrafas de cerveja na geladeira. Ela me obedecia à risca: bebia as três, comprava outras três.
Tranquei a porta da cozinha, deixando-a nos seus domínios. Mais tarde soube que invadira os apartamentos vizinhos fazendo cenas. No dia seguinte ajustamos as contas. Ela, já sóbria, mal ousava me olhar.
— Deixa eu ficar — pediu ainda, num sussurro. — Juro que não faço mais.
Tive pena:
— Não é por nada não, é que não vou precisar mais de empregada, vou viajar, passar muito tempo fora.
Ela ergueu os olhos:
— Nenhuma empregada?
— Nenhuma.
— Então tá.
Agarrou sua trouxa, despediu-se e foi-se embora.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Crônica do dia

Hoje temos o ponto de vista do aluno Homero. Deixo ao leitor fazer suas próprias considerações. Boa leitura!

O bom exemplo vem de cima

Antigamente, nos lugares ainda sem estrutura política e social bem definida, a autoridade simbólica era exercida de uma forma muito simples pelo Juiz de Direito, do Padre e, em lugares em que havia Agência do Banco do Brasil, o gerente, que ocupava um lugar muito simpático em vista de poder liberar recursos para aquele que tivesse alguma dificuldade. A participação do gerente era muito interessante, havendo até hoje, instituições que foram criadas por aqueles profissionais, em favor da arte, do lazer e quem sabe até influência religiosa.
Hoje, com toda essa reviravolta de conceitos, ficamos totalmente sem referências e, por essa falta de orientação, pessoas que poderiam merecer de nós um outro referencial passaram a constar de listas estranhas por suas relações com marginais e, por essa desordem, o cidadão como é o caso do imigrante pai de filhos brasileiros e casado com mulher brasileira, ser molestado, exatamente, por um delegado de polícia que, salvo melhor juízo, deveria ser um mediador e não um capacho de autoridade.
Esse desapreço pelo imigrante que foi por mim constatado em Teresópolis, onde gente da melhor espécie dá o melhor de si, aplicando tudo aquilo que nós deveríamos honrar por tal presença e tal desempenho. Passam desapercebidos em lugar de serem reverenciados.
O interessante é que no meu tempo era muito comum as pessoas descendentes de estrangeiros encherem a boca para dizer: Eu sou filho de pais daqui e dali; dando aos que não tinham tais referências uma espécie de apequenamento social.
O estranho no caso do General implicar com meninos que jogavam bola perto do seu carro me pareceu muito estranho. As forças armadas montam seus esquemas de educação militar como sendo algo muito especial e como sabemos o futebol, hoje, ocupa espaço muito acima dos outros esportes e até ficar com pena do soldado que passar por suas mãos.
Que o Delegado sirva para tal papel, não vou discutir, é um ponto de vista.
O que não dá para entender é a baixeza com que o Delegado se referiu ao imigrante, diante de sua esposa que, para alegria nossa, soube traduzir a sua estranheza.
Há dias fomos informados de que praticamente todas essas irregularidades que estão sendo apuradas estavam ao abrigo da lei.
Será que o nosso regime capitalista não comportará uma forma de punir ao invés de contemplar. Uma pessoa que passa 30 anos na cadeia deveria ser obrigada a pagar o custo daquele abrigo, onde recebeu casa, comida e sabe-se lá mais o quê. Coisas que o não criminoso paga muito caro, sem que haja cometido algum tipo de delito.
Hoje, estou tão confuso com tudo isso que chego até a pensar "o que seria da minha vida, se não contasse com a colaboração de minha morte". Sempre que tenho um problema maior, vem lá a minha morte a matar o problema, dando-me vida e ânimo para seguir pensando pelo lado avesso em que me embrenhei.
Agora se você tem aspirações militares, que faça bom proveito; eu sigo mesmo é na minha linha, do rir primeiro, pouco importando com o que acontecerá com o último.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Crônica do dia

A partir de uma outra leitura da crônica "A mulher do vizinho", de Fernando Sabino, temos esta crônica da aluna Celeste, em que nos relata sua impotência diante da "carteira funcional" de um policial. Boa leitura!


A carteira funcional

Quando li o texto "A mulher do vizinho", de Fernando Sabino, fiquei pensando em quantas situações nos vemos diante de carteiras funcionais supervalorizadas diante de nossa pobre carteira de identidade.
Há alguns anos atrás, passei por um momento inesquecível.
Fui ao banco, como de costume, para efetuar o pagamento de contas e sacar uma certa quantia para efetuar alguns pagamentos, e como era hábito naquela agência, fiz tudo numa caixa especial dentro da tesouraria.
Saí da agência, fiz algumas compras e depois fui para casa, que era próxima do banco. Num dado momento, senti um puxão no meu corpo, estava levando uma gravata, sendo xingada e senti o cano da arma na minha cabeça. O meu marido, que me acompanhava, entregou a minha bolsa para eles, eram dois rapazes, montaram na sua moto para fugir. Imediatamente, o meu marido ligou para a polícia e relatou o que tinha acontecido, passando placa, cor e descrição dos rapazes; resposta: procure a delegacia mais próxima, não podemos fazer nada. Fomos para a delegacia e, chegando lá, ficamos aguardando o atendimento por mais ou menos uma hora.
Veio o escrevente, com muito custo, e começaram as perguntas de praxe, até aí tudo bem. Então ele perguntou o número da minha conta e a minha senha, imediatamente respondi que ele não precisava da minha senha, e sim passar um rádio dando as características da moto e dos rapazes.
Ele me olhou e começou a rir, rir não, gargalhou, e me disse:
- Oh, minha senhora! A senhora anda vendo muito filme americano.
Neste momento, a paciência já tinha ido embora, falei que ele era incompetente, pronto, a carteira funcional da autoridade do escrevente apareceu, isto é desacato, a senhora será processada e presa. Meu marido pediu que ficasse calma.
Pensei o que estava fazendo ali, pior do que assalto foi encontrar este policial usando a sua função para me subjugar. Fui embora, nunca recuperei nada que estava na bolsa, pois para mim havia um tesouro dentro dela, fotos do meu pai e uma bela carta escrita por ele a mim uns dias antes de morrer. No dia do assalto, fazia três dias que ele havia falecido.

terça-feira, 8 de maio de 2012

Crônica do dia

Mais um relato da experiência, não muito boa, com um vizinho, feito pela nossa aluna Zélia. Boa leitura!

Vizinhança

No Nordeste, quando se dá uma esmola, o pobre agradece e diz: "Deus lhe livre do mau vizinho".
Pois era um desses que morava perto da minha casa, e cuja ocupação era se incomodar com a vida dos outros.
Nessa época eu era adolescente, tinha mais ou menos 14 anos e namorava escondido, o que era muito gostoso.
Um dia meu namorado passou de jeep pela minha casa e buzinou. Como tínhamos um quintal grande, com muitas árvores frutíferas, corri e subi na mais baixa e próxima do muro, para vê-lo. Era um cajueiro.
Pois o tal fofoqueiro foi correndo dizer ao meu pai, que estava na mercearia de sua propriedade.
O resultado foi que ele me puxou pelas pernas, e me deu a maior surra da minha vida. E de tamanco...
No dia seguinte, depois da aula, me encontrei novamente com ele, que me convidou a fugir, mas, como não tive coragem, este foi mais um amor de adolescente frustrado, tudo por causa de um mau vizinho.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Crônica do dia

Hoje abrimos a semana com a crônica da aluna Stella, em que nos relata um caso interessante sobre vizinhos.

Política da boa vizinhança

Quando me foi solicitado falar sobre esse assunto, confesso que, como sempre, fiquei "bloqueada", mas, aos poucos, lembrei de Maria, uma amiga minha, que mora sozinha num apartamento pequeno, em Copacabana. Vizinha ao seu, vive dona Beatriz, que é um pouco mais velha que Maria. Elas não são propriamente amigas, mas, quando o marido de d. Beatriz faleceu, Maria fez questão de ir à missa de sétimo dia. Sabe como é, política da boa vizinhança...
Eram gentis uma com a outra; nada mais que isso!
O tempo passou, a terceira idade chegou e, com ela, chegaram os seus característicos males. Um deles fez a diplomacia, conquistada ao longo dos anos, ir quase para o "fundo do poço"...
D. Beatriz começou a ficar meio surda e, como adorava escutar TV de 7 da manhã até meia-noite e passava o dia em casa, os vizinhos, aos poucos, foram obrigados também a escutar Faustão, Raul Gil, Sílvio Santos, Gugu, etc., que, diga-se de passagem, não eram os preferidos de Maria.
Para os vizinhos que gostavam era bom, pois economizavam eletricidade! Mas Maria, que ainda trabalhava, tinha que ficar vendo TV até meia-noite, e às vezes mais e, no dia seguinte, acordava cedíssimo, pois tinha que estar no seu local de trabalho às 7h da manhã.
Intimidade não possuía com d. Beatriz para pedir-lhe que abaixasse o som! Falar com o síndico, nem pensar, pois era capaz de o próprio pedir que ela usasse aparelho de surdez... Ainda mais, depois de um dia a vizinha ter salvo a vida de Maria, num caso ocorrido de princípio de incêndio e depois de saber dos maus-tratos sofridos por d. Beatriz com o marido falecido já. A filha só aparecia na casa da mãe para berrar e xingá-la, e d. Beatriz não era infeliz, era infelicíssima!
Maria, com seu bom coração, seu espírito caridoso, até hoje continua a assistir a todos os programas de que não gosta e escutará até o fim dos tempo ou até quando Deus quiser!!