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segunda-feira, 24 de junho de 2013

Crônica do dia

Da temática "palavras ou imagens - qual delas falam melhor da realidade?" cada aluno traz sua opinião nas crônicas escritas. Começamos hoje com a da aluna Maria Luiza. Vejamos o que ela prefere: ou as imagens (do jornal) ou as palavras (de um belo poema). Boa leitura!


Da arte necessária e da vida insuficiente


Não tenho certeza, mas acho que foi o poeta Ferreira Goulart quem fez tal correlação. Não importa, no nosso tempo essa minha dúvida grosseira não faz diferença. Tempo de excesso de informação e pauperismo da memória individual, tempo de entropia e do anonimato.
Hoje, toda a construção parece coletiva e o dejà-vu não inquieta mais as consciências.
Hoje, o real não é reinventado a partir dele mesmo, mas transposto para outras plataformas em que suas várias "leituras" nos deslumbram menos como objeto artístico em si, mas pelas infinitas representações possíveis em que o capturamos.
Mas não pretendo fugir ao questionamento do nosso curso por uma estrada tão larga, tão abrangente, onde qualquer um de nós ou todos juntos pudéssemos escapar por ela.
Vou tomar o percurso ignorado por mim mesma até este momento, passar por uma porta estreita e disfarçada que me conduzirá ao misterioso vestíbulo do self e de lá trazer, na semi-escuridão, as sombras vislumbradas do alpendre.
"Que me estimula mais?" - pergunto a Ninguém, guia eletivo nessa etapa da caminhada. A objetividade da reportagem que dá uma tijolada no meu entendimento do mundo; a fotografia, que me captura e exacerba meus sentidos, ou a recriação literária que sintetiza tudo: existência, ciência, arte e filosofia?
Profissão de fé: sou poeta, não jornalista; confundo, não explico; não vejo, imagino. Sobretudo não dou conta a ninguém, senão a mim mesma do que vejo, sinto, imagino. O território da língua é chão da minha liberdade.

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