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quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Crônica do Dia

Hoje, posto meus agradecimentos aos caros alunos da Oficina de Crônicas

Algumas palavras

Em passos lentos, indo tomar o elevador para o 11º andar para mais um dia de oficina. Já escreveu uma crônica sobre o assunto da semana passada. Vira-se para o lado e me cumprimenta. Era a quarta aula que eu participaria como “professor”. Retribuo seu cumprimento. Começamos uma conversa casual, falando de como estava cheio o hall dos elevadores, de como estava quente aquele dia. Entramos no elevador, cheio. Saímos e caminhamos, lentamente, para a sala 11.111. Estávamos um pouco atrasados.
Os outros alunos já liam seus textos, quando entramos. Ficaram felizes ao nos verem chegar. Demos boa tarde. Aquela sala, não muito grande mas confortável, era mais do que um espaço, era um lugar significativo. Memórias, sentimentos, sensações, polêmicas, revelações, comédia, tristezas, idade, netos, uma verdadeira babel acontece nessa sala. E tudo com compreensão e respeito. Muitas vezes conviver é complicado. Mas são dois extremos da linha temporal que, num momento quase que divino, se cruzam e não há choque ou divisão, mas soma. A utopia de querer que esses encontros transbordassem da sala e fossem parar no mundo lá de fora.
Não há o melhor aluno nessa sala. Em certa época, aprendemos que recuar e dar o lugar ao outro é o melhor que se pode fazer, pois concorrer já não mais significa. O que há são alunos que se expressam com mais facilidade que os outros; mas todos estão aprendendo. Mesmo aqueles que quase não falam, quando abrem a boca para darem sua opinião, nos surpreendem.
Hoje, atrasado por causa da demora do trem, os alunos estavam lendo seus escritos, quando cheguei. Costumo pensar que os dias são sempre iguais e que, raramente, coisas novas podem acontecer. A aula transcorreu como de costume. Os alunos leram suas crônicas, comentaram, discutiram. Até que uma aluna interrompe e conclama a turma para parabenizar os professores (somos três). Após os parabéns, mais uma surpresa: os alunos tiram de suas bolsas e mochilas doces, tortas, salgados e suco. Além disso, nos presenteiam com camisas e canetas!
Mais do que presentes ou parabéns, o que ganhamos nesse dia foi o reconhecimento pelo que fazemos e pelo que somos, foi o carinho e a dedicação desses queridos alunos e amigos. Se nada falei durante a aula ou durante a comemoração, escrevo nessas simples palavras um terço (poema do Homero) do que sinto e senti naquele momento. Se tivesse falado, muito iria se perder; mas já que escrevo, fica sólida a minha memória, minha gratidão e meus agradecimentos aos alunos da Oficina de Crônicas. Fica a célebre frase: verba volant, scripta manent.

Gabriel Sant’Ana (19/10/2011)

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