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sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Crônica do dia

Terminamos a semana com a crônica do aluno Samuel, em que ele questiona o "elixir da eternidade". Boa leitura.

Mentiras... Por quê?


Acreditas que o corpo em que tens a ilusória consciência de propriedade realmente te pertence?
Ora, haverás de me perguntar: "Por que estás a me indagar sobre este assunto de caráter metafísico?"
Resta-me responder com outra pergunta: "Gostarias de viver eternamente?"
Tu me olhas estupefato, silencioso, porque mexi com o mais importante de teus instintos - o da sobrevivência. Agora, a tua face demonstra ansiedade por se tratar de uma necessidade básica e queres, com presteza, saber mais.
E mais uma indago, observando seres um idoso: "Se eu te oferecesse o 'elixir da eternidade', tu o tomarias, fosse um comprimido, uma injeção ou um líquido?"
Vozes ao redor de nós soam; umas dizendo "não" e outras falando "sim". Porém, tu, sábio pela tua idade e experiência, hesitas por breve momento e alegas: "Faria uso sim, com a condição de ter um corpo jovem e não este que está em estado de degeneração natural."
Pessoa plena de sabedoria tu és! Não nos é possível ou permitido recuar no tempo biológico.
Vejamos o que a mídia vem nos apresentando. Um dos cientistas britânico, especializado na área da bio-gerontologia, vem alegando que dentro dos próximos trinta ou quarenta anos nos será possível viver eternamente. Utópico, não é? No entanto a sua Fundação vem recebendo doações de centenas de milhares de dólares, para prosseguir com tais pesquisas. Essas doações são oriundas de uns poucos bilionários em meio a nossa humanidade neste planeta. Provavelmente eles não querem morrer. E a morte é uma fatalidade biológica natural de todos os seres vivos.
Suponhamos que seja possível tal conjectura. Viver perenemente... E quais seriam as consequências para tal situação de fato, se somente uns poucos dentre nós fossem privilegiados? Não seria justo! Se muitos pudessem pagar, ainda assim não seria justo. Se todos os seres humanos obtivessem a oportunidade de serem beneficiados, seria justo?
De imediato, talvez digam sim, que aí é justo. Seria justo para o planeta?  Pensem profundamente nas consequências. Ninguém mais morre... Contudo o instinto de conservação da espécie prossegue ativo. Crianças continuam nascendo.
Atualmente, com aproximadamente seis bilhões de humanos na superfície deste orbe, já há tanta miséria, fome, doenças, discórdias, guerras; imaginem como seria a situação até o final deste século. A população, beneficiada pela medicina avançada, estaria duplicada ou triplicada. Ocorreria falta de recursos naturais como água potável, energia renovável, alimentos, etc.. Pleno desequilíbrio ecológico. Situação insustentável...
Todavia, aquele cientista versado na ciência enganosa, apoiado por alguns temerosos do inevitável, afirma com ênfase tal absurdo, prosseguindo em suas pesquisas sem termo.
Ah! A presunção do Homem... A Mãe Natureza é plenamente sábia em suas Leis Cósmicas, optando pela renovação constante dos seres vivos, onde nada se cria e nada se perde e tudo se transforma abençoadamente.
Concluindo, falo por mim: Eu não tomaria o tal elixir da perenidade. Quero ir vivendo em plenitude, feliz se possível, aceitando a realidade como se apresenta, até o momento de minha própria transformação, qualquer que seja ela. 

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