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segunda-feira, 2 de maio de 2011

Crônica do Dia

Mais uma semana de atividades no blog do LerUERJ se inicia, e o tema da vez é: Carnaval! O aluno Apolinário Albuquerque deixa para nós suas impressões saudosistas sobre o assunto.

Recordações de Carnaval

Será que alguém de hoje pode, em sã consciência, dizer que não conhece as músicas antigas, especialmente, as marchinhas, que ainda hoje se tocam nos bailes de carnaval?. Pois, se não conhecem é porque não prestaram a devida atenção à vida. Como poderemos classificá-los: alienados, talvez?
Como uma mensagem subliminar martelando em nossa mente - seguir sempre em frente, nunca parar e, seguir pela vida como Moisés abrindo o mar morto, gritando em plenos pulmões com autoridade: “Ó abre alas que eu quero passar, eu sou da lira não posso negar" (1899), pedindo passagem à vida para viver plenamente.
Mesmo que você hoje se fantasie de esperanças pseudo europeias, ou mesmo como agora em moda – “se achando” americanizado – pensando que isso o faz melhor ou mais poderoso do que realmente é, a sua imagem não permite negar a tua raça de brasileiro: caboclinho querido: “o teu cabelo não nega" (1932).
Veja, por favor, à sua volta – as belezas naturais – rios de águas claras, montanhas verdejantes, o canto do sabiá, a brancura das praias, a alegria transbordante, – e um pôr do sol inigualável – que como em nenhum lugar do mundo se harmonizam nessas cores, sons e sabores. Veja o andar brejeiro daquela “linda morena" (1932), porque ela representa tudo quanto eu sempre implorei desde a infância aos céus: “Mamãe, eu quero" (1936).
Quando ela vem, pelas calçadas, descendo a ladeira, desfilando com o seu “balancê" (1936) , desperta em todos nós - até nos mais céticos - uma nova “aurora" (1940). Um novo despertar, para a felicidade, para a alegria e porque em qualquer um de nós renasce uma nova fé, e apelamos até para os deuses de outros povos: "Allah! meu bom allah" (1940). Mas que calor ô ô ô ô. ô ô.
Ainda que nos ameacem profusa e abundantemente, convocando-nos para viver uma vida que não a nossa, ensinam-nos, diariamente, a prática de hábitos diversos daqueles que nos foram transmitidos por nossos ancestrais. Eu me rebelo contra isso e convoco todos a provar a nossa “Cachaça" (1953). Vamos cair na folia, porque a felicidade é nossa marca registrada e sem constrangimentos vamos por em nossa cabeça a “cabeleira do Zezé" (1963) e vamos brincar o nosso carnaval – porque não há outro modo de vida como o nosso. Livres, alegres e com uma forma peculiar de dizer ao mundo: Sou feliz.
Um povo se identifica por sua forma peculiar de ser, agir, reagir e cantar. Ninguém canta como nós – portanto, preste muita atenção – quando você for para “maracangalha” não vá de mãos vazias; leve consigo a graça de sua alegria, a felicidade ensinada por seus irmãos: Felinto, Pedro Salgado, Guilherme Fenelon... e espalhe amor, muito amor.

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